sábado, 8 de setembro de 2007

Diga não à CPMF?

Vilões se transformam em paladinos e paladinos se transformam vilões. Da noite para o dia, sem o menor escrúpulo; como se fosse a coisa mais natural do mundo. Tudo bem que a política brasileira é viciada, que são práticas de séculos e que estão enraizadas na cultura do País, mas os políticos estão passando do limite. E esse vício não é argumento de defesa, é desculpa esfarrapada. Há um bom tempo.

A maré da vez é a CPMF - Contribuição Provisória sobre a Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira. Simples, não?

Nem tanto.

Acontece que, como tudo na política brasileira, o que importa é o jogo. O PT, que sempre se auto proclamou "Paladino da Justiça" e detentor da ética, está com o abacaxi na mão e precisa renovar urgentemente a tal da CPMF - que deveria ser provisório mas não o é. Muitos dos projetos do Governo - PAC, Bolsa Família, Luz Para Todos, etc. - dependem diretamente dessa arrecadação que representa cerca de 5% do PIB nacional.

Já o DEM (ex-PFL), que junto com o PSDB criou a contribuição "provisória" em 1994 - com o nobre intuito de salvar o praticamente falido Sistema Único de Saúde (SUS) -, agora posa de cordeirinho, amigo da população brasileira e defensor da desoneração da carga trbutária. Tudo para conseguir votos, atacar o Governo e, junto com a "reformulação" do partido (nova cara, novo nome, mas os velhos preceitos de sempre), melhora da imagem e da opinião pública.

A bem da verdade, ninguém está certo nessa história toda. O PT já deveria ter planejado - desde que foi empossado - a governar sem essa importante fonte de arrecadação tributária (ou ninguém sabia que a CPMF acabava em 2007???) e o DEM está, a todo custo, tentando lucrar politicamente de uma situação que criaram. Safadeza das grandes.

E agora, para melhorar ainda mais o quadro político brasileiro e a imagem do nosso digníssimo Congresso, parte do PMDB está condicionando a prorrogação da CPMF à ajuda do Governo no processo de cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nesta quarta-feira.

E o Brasil, mais uma vez, continua com o seu samba do criolo doido como se nada estivesse acontecendo.

Um comentário:

Camila Chiodi disse...

Gostei do texto. Apesar de desanimador (mas realista), está bem claro, então consegui entender tudo...^^