quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Jornal catarinense é condenado por abuso

Jornal terá que fazer esclarecimento sobre assédio, assinar autoria de fotos e regularizar os sem registro

24/09 - Uma ação do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina junto ao Ministério Público do Trabalho resultou em ajustamento de conduta com nove itens, que o jornal Notícias do Dia de Florianópolis se compromete em cumprir, a partir de hoje, sob pena de pagamento de R$ 30 mil de multa por infração ou por trabalhador encontrado em situação irregular. As cláusulas que a empresa assumiu o cumprimento são:

1 - orientar os superiores hierárquicos para que deixem de maltratar ou humilhar os trabalhadores;
2 - abster-se de coagir e pressionar os empregados;
3 - promover esclarecimentos quanto ao tema assédio moral, com no mínimo duas palestras e distribuição de material escrito a cada trabalhador. As palestras devem ser realizadas em até 60 dias, assim como a entrega do material impresso;
4 - parar de descontar, dos trabalhadores, qualquer valor que não aqueles legais;
5 - creditar todas as fotos publicadas, inclusive as de arquivo, assim como cessar a comercialização de fotos sem a autorização do autor;
6 - remunerar em dobro o trabalho prestado aos domingos e feriados;
7 - manter registro fidedigno da jornada de trabalho;
8 - remunerar as horas extras com o adicional previsto na convenção coletiva;
9 - proceder, em no máximo 30 dias, o enquadramento dos repórteres-fotográficos e ilustrador que estão sem registro profissional, encaminhando os documentos necessários ao Sindicato dos Jornalistas.

* * *

Créditos para o meu amigo Maurício Tussi, que me encaminhou, e ao Sindicato dos jornalistas de Santa Catarina, que publicou essa matéria no site.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Da arte de acumular tarefas e funções

Queria pedir desculpas aos poucos internautas que acessam meu blog. As últimas semanas têm sido extremamente corridas para mim, o que tem-me impedido de postar. Para melhorar ainda mais, falta um mês para a VI Semana do Jornalismo (da qual faço parte da organização), a agência Ensaio Fotojornalismo está funcionando muito bem - com vários projetos encaminhados -, a última edição do ZERO - jornal laboratório feito completamente por alunos da 6ª fase do curso de Jornalismo da UFSC - foi impressa ontem (e agora começa o trabalho pesado de distribuição.) e as disciplinas têm requerido milhares de textos e trabalhos que, diga-se de passagem, estão todos atrasados. E também estou responsável pelo blog de atualização diária da VI Semana do Jornalismo.

Quem se interessa pelo evento e por jornalismo, aí vai o link: http://semanadojornalismoufsc.blogspot.com.

Para quem não sabe o que é a tal da Semana, aí vai um trecho de um dos posts do blog:

Organizada exclusivamente pelos estudantes do curso de Jornalismo há 7 anos, o evento já tem a presença confirmada de Antero Greco (apresentador do canal esportivo ESPN Brasil e colunista do jornal O Estado de S. Paulo), Ana Carolina Fernandes (repórter fotográfica da Folha de S. Paulo), Marcos Sá Corrêa (colunista do Estadão e do site ambiental O Eco), Daniela Pinheiro (repórter especial da revista Piauí), Todd Benson (correspondente da Reuters no Brasil, vencedor do Prêmio Comunique-se de Jornalismo em 2007 na categoria Correspondente Estrangeiro), entre outros.

Além das palestras, a Semana promoverá a exibição de filmes sobre a profissão, trabalhos de conclusão de curso (TCCs) de ex-alunos e minicursos (de 15 vagas cada e quatro dias de duração) para todos os interessados.


Boa navegação!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Será o fim?

Meu amigo (o do plágio) não tinha recebido nova resposta da Globo sobre o caso e sequer tinha visto que a matéria plagiada havia sido excluída do site GloboEsporte.com. Após eu alertá-lo, mandou um novo e-mail para a editora, que foi devidamente respondido:

Olá Pessanha
Ainda estou esperando uma resposta sua sobre o plagio. Eu vi que a materia foi apagada da pagina, depois que ficou antiga. Vocês pretendem fazer alguma coisa para consertar realmente o erro ou nao?
Aguardo uma resposta
Robson Martins


Olá, Robson
Já tomamos as devidas providências. Só podemos usar matérias de parceiros e por isso ela foi apagada. Estamos atentos para que este problema não aconteça de novo. Peços desculpas mais uma vez.
Abs,
Klima Pessanha


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É bom sempre ficar de olho... Se quisesse, o Robson poderia processar a Globo que era vitória certa.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Íntegra do plágio

Meu amigo Robson, apesar de não ter dado print screen da matéria, me enviou-a:

03/09/2007 - 19h03min - Atualizado em 03/09/2007 - 19h29min
Torcida vai ao aeroporto para protestar
Jogadores são orientados a sair pelos fundos, mas torcedores vão atrás e fazem cobranças
Das agências de notícias Em Curitiba

ALTERAR O TAMANHO DA LETRA
A-
A+

Cerca de 40 torcedores paranistas foram no domingo ao aeroporto Afonso Pena, na chegada da equipe do Paraná após a goleada contra o São Paulo, para cobrar melhores apresentações do Tricolor. Por iniciativa de seguranças da Infraero, a delegação paranista não passou pelo saguão principal, entrando no ônibus por outra saída. Mesmo assim, os torcedores seguiram o veículo.

Até a chegada na Vila Capanema, a delegação paranista foi escoltada pela polícia. Mesmo assim, os jogadores tiveram que ouvir xingamentos e reclamações, principalmente para o zagueiro Toninho e o atacante Vandinho. Já no estádio, os protestos continuaram, mas de forma pacífica.

Segundo membros de uma torcida organizada do time, será dada uma trégua de 90 minutos, durante o jogo contra o Náutico, na próxima quinta-feira. A torcida exigiu mais atenção dos atletas e avisou que, em caso de nova derrota, a situação vai piorar.

Esta é a primeira reclamação mais exaltada da torcida neste ano. Algumas rodadas atrás, alguns participantes da organizada se reuniram com os jogadores e o então técnico Gilson Kleina, mas de forma bem mais amigável que agora.


* * *

Parecida?

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Plágio da Globo

Mais um exemplo de péssimo jornalismo na internet para nós, estudantes de jornalismo; principalmente por se tratar da Rede Globo - que não é qualquer empresa - e do site GloboEsporte.com - que não é qualquer sitezinho mantido a base de CTRL+Cs e CTRL+Vs.

Meu amigo e ex-aluno do curso de Jornalismo da UFSC, Robson Martins, escreveu a seguinte matéria para o site Paranistas.com.br:

Torcida vai ao aeroporto e jogadores fogem pelos fundos
(http://www.paranistas.com.br/NOTICIAS/cobranca_aeroporto.htm)

"Cerca de 40 torcedores paranistas foram neste domingo ao aeroporto Afonso Pena, na chegada da equipe do Paraná após a goleada contra o São Paulo, para cobrar melhores apresentações do Tricolor. Por iniciativa de seguranças da Infraero, a delegação paranista não passou pelo saguão principal, entrando no ônibus por outra saída. Mesmo assim, os torcedores seguiram o veículo.

Até a chegada na Vila Capanema, a delegação paranista foi escoltada pela polícia. Mesmo assim, os jogadores tiveram que ouvir xingamentos e reclamações, principalmente para o zagueiro Toninho e o atacante Vandinho. Já no estádio, os protestos continuaram, mas de forma pacífica.

Segundo membros da Fúria Independente, será dado uma trégua de 90 minutos, durante o jogo contra o Náutico, na próxima quinta-feira. A torcida exigiu mais atenção dos atletas e avisou que, em caso de nova derrota, a situação vai piorar.

Esta é a primeira reclamação mais exaltada da torcida neste ano. Algumas rodadas atrás, alguns participantes da organizada se reuniram com os jogadores e o então técnico Gilson Kleina, mas de forma bem mais amigável que agora.

Agenda da semana
O Tricolor treina nesta segunda-feira, em dois períodos. Já na terça e na quarta-feira os treinamentos são apenas na parte da tarde. Na quinta-feira há o jogo contra o Náutico.

O Paraná volta aos treinos na sexta-feira à tarde e no sábado de manhã, para o jogo de domingo, contra o Corinthians.

Com informações do Lance, do Futebol pr e da assessoria do clube.

por ROBSON MARTINS
03/09/07"


Eis que surge, no site GloboEsporte.com, a mesma matéria, idêntica, na íntegra. E sem os créditos do Robson ou qualquer citação a nenhum outro local. Como se eles tivessem apurado e escrito toda a matéria. (http://globoesporte.globo.com/ESP/Noticia/Futebol/Parana/0,,MUL98387-4408,00.html)

Update: pelo menos a matéria foi retirada do ar após meu amigo reclamar para o editor do site. Será que alguém foi punido - ou, pelo menos, notificado - sobre o CTRL+C, CTRL+V descarado? Estou esperando mais informações do meu amigo.

sábado, 8 de setembro de 2007

Diga não à CPMF?

Vilões se transformam em paladinos e paladinos se transformam vilões. Da noite para o dia, sem o menor escrúpulo; como se fosse a coisa mais natural do mundo. Tudo bem que a política brasileira é viciada, que são práticas de séculos e que estão enraizadas na cultura do País, mas os políticos estão passando do limite. E esse vício não é argumento de defesa, é desculpa esfarrapada. Há um bom tempo.

A maré da vez é a CPMF - Contribuição Provisória sobre a Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira. Simples, não?

Nem tanto.

Acontece que, como tudo na política brasileira, o que importa é o jogo. O PT, que sempre se auto proclamou "Paladino da Justiça" e detentor da ética, está com o abacaxi na mão e precisa renovar urgentemente a tal da CPMF - que deveria ser provisório mas não o é. Muitos dos projetos do Governo - PAC, Bolsa Família, Luz Para Todos, etc. - dependem diretamente dessa arrecadação que representa cerca de 5% do PIB nacional.

Já o DEM (ex-PFL), que junto com o PSDB criou a contribuição "provisória" em 1994 - com o nobre intuito de salvar o praticamente falido Sistema Único de Saúde (SUS) -, agora posa de cordeirinho, amigo da população brasileira e defensor da desoneração da carga trbutária. Tudo para conseguir votos, atacar o Governo e, junto com a "reformulação" do partido (nova cara, novo nome, mas os velhos preceitos de sempre), melhora da imagem e da opinião pública.

A bem da verdade, ninguém está certo nessa história toda. O PT já deveria ter planejado - desde que foi empossado - a governar sem essa importante fonte de arrecadação tributária (ou ninguém sabia que a CPMF acabava em 2007???) e o DEM está, a todo custo, tentando lucrar politicamente de uma situação que criaram. Safadeza das grandes.

E agora, para melhorar ainda mais o quadro político brasileiro e a imagem do nosso digníssimo Congresso, parte do PMDB está condicionando a prorrogação da CPMF à ajuda do Governo no processo de cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nesta quarta-feira.

E o Brasil, mais uma vez, continua com o seu samba do criolo doido como se nada estivesse acontecendo.

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Hercílio Luz

Para quem não conhece, a Hercílio Luz foi a primeira ponte a ligar a a parte insular à continental de Florianópolis - travessia que, até então, era feita única e exclusivamente de barco e balsa. Construída entre 14 de novembro de 1922 e 13 de maio de 1926, recebeu o nome de seu idealizador, que faleceu antes de ver seu sonho concretizado (o nome original era Ponte da Independência).

Já cheguei a citar a ponte em outro tópico, no qual é citada em uma passagem do livro Fama&Anonimato, do Gay Talese, mas este tópico é especial.

Nunca tinha tirado nenhuma foto da ponte em dois anos e meio de Universidade (embora tenha atravessado-a, mesmo sendo proibido, três vezes). As fotos? São exatamente essas duas que ilustram o post. Parecem antigas graças aos filmes e químicos do Laboratório de Fotografia do curso de Jornalismo da UFSC.

E o resultado ficou muito bom!

Fotos: Lucas Sampaio/Ag. Ensaio Fotojornalismo

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Ainda sobre a ocupação na UFSC

Para quem não sabe, os estudantes que ocuparam a Reitoria durante nove dias na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) mantém um blog, de atualização diária, onde postam as moções de apoio que receberam de todo o País, a lista de reivindicações e tudo sobre a (ex-)ocupação para quem está de fora. Foi através do blog, por exemplo, que tive acesso à lista de reivindicações. Mesmo que a reintegração pacífica já tenha acontecido na última sexta-feira, gostaria de abordar mais o assunto agora que tenho tempo para escrever no blog. Eis a lista de reivindicações, motivo da ocupação:

"1. Abertura imediata de concurso público para contração de professores efetivos com Dedicação Exclusiva e servidores.
2. Aplicação imediata da regulamentação da bolsa permanência, já aprovada no CUn.
3. Aumento das bolsas para R$418,00.
4. RU noturno com administração, gerenciamento e financiamento públicos.
5. Reabertura da terceira ala do RU.
6. Renovação dos materiais do RU, com acompanhamento da comunidade.
7. Opção vegetariana no RU.
8. Ampliação da Moradia Estudantil para 10% dos estudantes matriculados na UFSC.
9. Auditoria pública com relação à Moradia Estudantil.
10. Defesa do HU 100% do SUS. Ligado ao MEC.
11. Ampliação das verbas para compras de livros da BU.
12. Fortalecimento e criação de novas bibliotecas setoriais.
13. Posicionamento contrário à entrada da PM no Campus Universitário.
14. Declaração de posição institucional contra o REUNI (decreto 6096 da Casa Civil).
15. Auditoria pública das fundações na universidade.
16. Arquivamento dos processos administrativos e criminais relacionados aos estudantes que participaram da greve de 2005.
17. Convocação de um conselho universitário aberto para a discussão de nossas reivindicações."


É importante salientar que a pauta tem, sim, pontos importantes e críticos da Universidade - não só da UFSC, mas das Universidades Públicas de todo o País; mas não que justifiquem a invasão da Reitoria - um processo unilateral e tão autoritário (ou mais) que a reintegração de posse feita pela Polícia Federal (PF). Será que realmente pontos como "7. Opção vegetariana no RU.", "13. Posicionamento contrário à entrada da PM no Campus Universitário." e "16. Arquivamento dos processos administrativos e criminais relacionados aos estudantes que participaram da greve de 2005." justicam uma ocupação antidemocrática de 100, 200 estudantes - sendo que a UFSC possui 19.045 matriculados (dados do Relatório da Gestão de 2006)?

Agora, os estudantes - que não querem ser taxados como um "Movimento do CFH" - estão ocupando o hall do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) com autorização da diretora, a professora Maria Juracy. E continuam afirmando que, apesar de terem se retirado da Reitoria, o movimento e a luta para que as reivindicações sejam atendidas não acabou.

A conclusão que pode ser tirada de todo esse imbróglio é que o movimento estudantil responsável pela ocupação é desorganizado e sem uma estratégia política inteligente. Ao recusar a proposta feita na última terça-feira, em reunião realizada na Biblioteca Universitária (BU) pelo Reitor Lúcio Botelho - que cedeu, já que, logo após a ocupação, disse que não negociaria com os estudantes enquanto a Reitoria não fosse desocupada -, resolveram radicalizar.

Proposta do Reitor:
"1. Trazer representante do MEC para discutir a contratação de professor efetivo e a portaria que trata de contratação de professor equivalente.
2. Apoiar iniciativas que visem à contratação de professores efetivos e servidores técnico-administrativos.
3. Ratificar contratos imediatos somente para professores substitutos.
4. Ratificar revisão da matriz.
5. Licitar e iniciar as obras do novo módulo da moradia estudantil.
6. Implementar imediatamente as comissões de unidade para implementar a bolsa permanência. (atentar para a regra de transição).
7. Continuar com a posição crítica em relação ao REUNI e ampliar os espaços de discussão interna, com todos os segmentos.
8. Realizar a reforma na cozinha, para melhora da infra-estrutura do RU e gerar possibilidade de ampliação.
9. Não gerar qualquer processo administrativo com referência ao atual processo de ocupação.
10. Propor a paridade da representação estudantil na comissão para definição da política de biblioteca."


A medida seguinte do Reitor, que já estava sendo cobrado por outros setores da Universidade por ser complacente com esse tipo de movimento - é a segunda invasão ao prédio desde 2005 -, pediu a reintegração de posse na Justiça no dia seguinte. A sentença, obviamente favorável, estipulou uma multa diária de R$ 100 por dia por pessoa que estivesse ocupando a Reitoria. E o juiz que a assinou foi além, determinado a retirada de todas as barricadas do campus - atingindo também, a greve dos servidores técnicos administrativos.

Ao acatar a ação judicial de reintegração de posse, os estudantes não só perderam todas as reivindicações feitas - já que recusaram a proposta feita pelo Reitor em reunião -, como conseguiram a proeza de acabar com a greve dos servidores, que estavam paralisados há mais de 90 dias, impedindo setores estratégicos da Universidade de funcionar - como a BU, o Restaurante Universitário (RU), o Núcleo de Processamento de Dados (NPD) e o Departamento Administrativo Escolar (DAE) - desde o início desse semestre.

Em ano de eleição, nunca que o Reitor iria utilizar da força policial para expulsar os estudantes do prédio da Reitoria, e os alunos não souberam se aproveitar dessa situação política. O Reitor acabou sendo o maior beneficiário de toda a trapalhada política dos estudantes. Agora o movimento grevista perdeu toda a sua força - que já estava debilitada - sem que os professores conseguissem votar o indicativo de greve da categoria em reunião da Apufsc - Associação de Professores da UFSC. E a rotina volta ao normal, com carros e ônibus podendo entrar pela rotatória principal da UFSC, com a volta da BU e do RU para os estudantes na semana que vem e sem que servidores técnico administrativos e alunos tenham conseguido qualquer de suas reivindicações atendidas.


Crédito da foto: Lucas Sampaio/Ag. Ensaio Fotojornalismo

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Ocupação da Reitoria

Texto copiado, na íntegra, do blog "De Olho Na Capital", do jornalista César Valente - colunista do jornal Diário do Litoral, carinhosamente apelidado aqui em Florianópolis de Diarinho.

Valente é ex-professor do curso de Jornalismo da UFSC e chegou a dar-me aula quando eu ainda estava na primeira fase. E escreve no único jornal de Santa Catarina que realmente tem credibilidade. Apesar do linguajar descontraído e escrachado, o Diarinho é um exemplo para o estado e sua mídia monopolizada pela RBS.

Como sempre, concordo plenamente com meu professor. Ele conseguiu sintetizar toda a realidade, não só da UFSC, mas de todas as Universidades Públicas do País. A coluan é um pouco antiga - quinta-feira passada -, por isso foi escrita antes da desocupação do prédio da Reitoria.

Boa leitura!

* * *

"UFSC EM FRANGALHOS
Assim como a crise aérea, a crise da UFSC (que é a crise da universidade pública brasileira) tem origem antiga. Ao longo dos anos, vários avisos foram dados, aos governos e aos governantes, sobre do rumo que as coisas estavam tomando.

Esperavam, os militantes de tantas greves a.L. (antes de Lula), que o PT no poder atenderia às principais reclamações e colocaria o trem de volta nos trilhos onde, a bem da verdade, nunca esteve. Mas o Lula presidente demonstrou que o PT não estava no poder. Quer dizer, parte dele estava, mas lá ficou, enquanto pode, apenas pelo gosto de estar no poder. Sem levar adiante as tais “propostas de luta”. E as universidades, tachadas de “elitistas”, ficaram a ver navios.

Na UFSC, como, acredito, na maioria das universidades públicas que tenham padrão de qualidade semelhante, a “privatização”, tão temida, sustentou e sustenta alguns dos cursos de maior sucesso. No Centro Tecnológico, a integração com empresas, a transferência de tecnologia e a utilização da universidade quase como setor de pesquisa e desenvolvimento de indústrias, deu o suporte necessário para que se criasse e se mantivesse aquele centro de excelência.

Os cursos que ficaram esperando e dependendo das verbas estatais para equipamento, pessoal, para tocar projetos e mesmo para realizar eventos, deslizaram ladeira abaixo, deixados à míngua. E os projetos foram sendo desestimulados e desmontados.

FALTA DO QUE FAZER
Diante desse quadro amplo, complexo e arquitetado por iniciativa ou omissão federal, o que adianta depredar a Reitoria? Que tipo de resultado um grupo isolado e minoritário poderá tirar de uma ocupação permitida e, dizem alguns, facilitada?

Qual será o próximo passo? Seqüestrar o Reitor? Ou o cônsul da Colômbia, à falta de um embaixador norte-americano nas proximidades?

Não seria mais importante, em vez dessa aventura juvenil estéril, que a rapaziada começasse a fazer, de fato, política estudantil? Que combatesse o peleguismo da UNE e tratasse de se organizar para ter, afinal e ao final, algum tipo de representatividade? E, pelo caminho trabalhoso da boa e velha militância política, criar um movimento que seja ouvido e que tenha o que dizer?

Ou, no maravilhoso mundo novo bolivariano as coisas só se resolvem na porrada e à base de factóides?"